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2021 foi o ano dos cancelados: o que aprendemos com essa cultura?
Karol Conka, Vih Tube, Projota, Luisa Sonza e Ícaro Silva. Todos eles sofreram com cancelamentos nas redes sociais e fora das telas também. A saída para fugir dos holofotes foi, muitas vezes, deixar a internet para restabelecer a saúde mental.
O termo nunca foi tão falado como agora pelas pessoas, especialistas e os próprios cancelados. “A cultura do cancelamento envolve uma tentativa de fazer Justiça com atitudes injustas. São reproduzidos comportamentos inadequados que tendem a causar mais danos do que o próprio prejuízo pelo qual deseja reparar”, destaca Hellen Martins, psicóloga da Vibe Saúde e mestranda em Saúde Pública EERP/USP.
Mas será que diante de tantos erros e acertos aprendemos algo com a cultura do cancelamento. 2022 será um um período de menos apontamentos e mais cuidados com as palavras?
A psicóloga acredita que pode, sim, ter gerado um aprendizado, mesmo que de forma sutil para as pessoas. “Compreender a cultura do cancelamento é oportuno para entendermos como lidamos com o erro do outro. Lidar com o pior do humano, nos convoca muitos sentimentos. É necessário aprendermos a lidar com o pior do outro e com aquilo que este convoca e nós para conseguirmos transformar nossa sociedade em um espaço permanente de aprendizado”, destaca.
Já André Dória, psicólogo e psicanalista da Holiste Psiquiatria, ressalta que ainda estamos aprendendo a lidar com o termo e demorará algum tempo para essa onda deixar pessoas públicas e anônimas. Ele ressalta ainda que será possível tirar lições disso a partir da vivência individual.
Os efeitos do cancelamento na saúde mental
Desde que a cantora Karol Conká deixou o “BBB 21”, ela experienciou os piores momentos de sua carreira. Para se recompor e se achar, como disse em algumas entrevistas, saiu das redes sociais e lançou uma nova música chamada “Dilúvio”.
Mas para chegar até esse novo ciclo, ela precisou fazer muita terapia e contou que teve crises de ansiedade. Realmente é muito comum sofrer com esses transtornos e o cancelamento pode aumentar ainda mais sintomas como estresse, taquicardia e até provocar depressão. “Os efeitos na vida e na saúde é sempre de quem é cancelado”, pontua Dória.
Por isso, antes de apontar os erros das pessoas, tente pensar se você também não seria passível de atitudes duvidosas fora das câmeras.
“As redes sociais são espaços de grande repercussão e humilhação, que ajudam quando tornam visíveis atitudes de mudanças em prol dos erros cometidos, mas quando se transformam em espaços de ‘linchamento virtual’ podem promover uma caça as bruxas, já que as pessoas estão conectadas e tem poder de voz quando estão na internet”, opina Martins.
Os especialistas alertam que, em longo prazo, os efeitos podem ser piores, levando a casos graves como o suicídio.
Como “descancelar” alguém e aprender com os erros?
Para que isso ocorra é necessário o reconhecimento daquele erro e aceitar. “A vulnerabilidade é algo que nos conecta”, diz a psicóloga.
Contudo, Dória explica que se alguém tem o gosto em projetar o erro do outro, é hater e sente prazer em provocar certas atitudes com as pessoas, o caminho para se redimir será mais difícil.
Já quando a pessoa sofreu o cancelamento, a partir da vivência dela, será mais fácil aprender com os efeitos nocivos e ter mudanças realmente verdadeiras. “Terá uma resposta posterior”, pontua o psicólogo.
Por último, é fundamental mostrar-se aberto a aprender a modificar atitudes e mudanças de comportamento.
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