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Óculos da Meta tornam metaverso ainda distante para a educação no Brasil

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Especialistas defendem modelo híbrido entre imersivo e presencial com redução do foco em dispositivos

No final de outubro teve início a venda do Meta Quest Pro, o mais recente dispositivo voltado à realidade virtual (VR) lançado pela Meta, com a definição de que se trata de mais um passo no caminho para o metaverso. Os óculos custam US$1.499,99, o que corresponde a aproximadamente R$7.800,00, e tornam o produto mais um exemplo do quanto a nova dimensão digital está longe da realidade brasileira no que se refere ao seu aproveitamento para a educação em massa. Neste sentido, especialistas afirmam que os melhores caminhos para acelerar a chegada dos benefícios do metaverso aos estudantes brasileiros passam pela utilização de modelos híbridos, que misturem dinâmicas presenciais e imersivas, mas baseadas nos dispositivos já presentes no dia a dia das pessoas.

“A tecnologia existe e está implantada em bolhas, clusters de estudos especializados, mas a realidade da escala de um país com dimensão continental e diverso como o Brasil é muito distante do metaverso. Nunca o virtual foi tão distante do real”, afirma César Silva, especialista em gestão educacional e atual presidente da Fundação FAT.

Já o fundador da edtech Beedoo, Álvaro Manzione, afirma que não se trata apenas de dar acesso a mais uma tecnologia, porque isso já foi tentado no passado com a distribuição de tablets, por exemplo, que na prática não foi capaz de modificar em quase nada a qualidade dos estímulos para que os alunos se interessassem em estudar mais e melhor. Para ele, o metaverso precisa ser visto como uma oportunidade de repensar modelos.

“Não acredito só no ambiente imersivo como fórmula mágica. Será necessário um ambiente híbrido no qual o aluno terá a dinâmica presencial complementada por conteúdos em ambiente de imersão. Junto desse processo também é necessário intensificar o uso da inteligência artificial para personalizar cada vez mais o ensino de acordo com as necessidades e características de cada tipo de indivíduo”, disse.

Ele explica que dessa forma, dependendo do tipo de comportamento que os alunos desenvolvem ou do desempenho que cada um apresenta, será possível recomendar os conteúdos. “Isto é fundamental, porém impossível de ser feito por um professor humano que trabalha com um grande número de alunos em uma sala de aula”, completa.

Enquanto isso, César Silva chama a atenção para o processo de digitalização ‘forçada’ vivenciado pelas escolas brasileiras durante a pandemia. “A realidade virtual expressa pelos gestores públicos de educação em todas as esferas municipais, estaduais e federal destoa da realidade verdadeira e sofrida das escolas sem recursos básicos para receber alunos e que possibilitem o aprendizado contínuo e progressivo. “Não aprendemos quase nada com a necessidade vivida na pandemia. Se o delivery cresceu e se estabeleceu, o uso de tecnologias para estimular e motivar os alunos em paralelo com o presencial não teve o mesmo efeito”, conclui.

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